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Este trabalho foi construído a partir de uma sunga de praia usada por vários anos pelo próprio artista, e que portanto possui a memória de seu corpo. Uma peça de roupa usada para cobrir o limite mínimo de nudez permitida pelo pudor e moralismo em nossa sociedade, e que ao esconder parte do corpo, acaba despertando desejo e gerando fantasias.
É um lugar comum para todos que numa praia de nudismo há menos erotismo que numa praia tradicionalista, por causa do segredo e ocultação de partes do corpo associadas com a sexualidade. Por exemplo, o Movimento Freikörperkultur, uma cultura do corpo livre com cerca de 50 mil adeptos, é tradição secular na Alemanha. "Diante da nudez despida de erotismo, todos são iguais" (Karina Gomes, 2018).
O delicado beija-flor bordado, estrategicamente localizado na região que abriga na sunga a genitália masculina está em conflito com a própria ideia falocêntrica de virilidade, além da padronagem camuflada, sempre tão carregada de valores de masculinidade bruta.
Karina Gomes, "O nu não erótico alemão", dw.com, 08/06/2018 |