Os trabalhos do artista plástico Fábio Carvalho dialogam com as proposições deste site. Embora possuam mais elementos em sua narrativa e um desdobramento de questões, as obras reafirmam a força e violência que os meios de comunicação imputem no corpo masculino.
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Macho Toy nº 26
reprodução de capa de revista montada sobre tela em chassi, decalques florais à base d'água
2010 |
22 x 16 cm |
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Destacam-se, neste caso, duas séries: "Macho Toys" e "À queima roupa". Na primeira é evidente o uso do corpo masculino como padrão estabelecido de um tempo, ainda que particularizado por um determinado grupo. As capas e propagandas de revistas voltadas para os praticantes de fisiculturismo exprimem, como não deveria de ser de outra maneira, a exacerbação dos músculos.
Aqui, não só se evidencia a força e virilidade do corpo masculino, mas indica-se uma reflexão sobre as questões de gêneros, onde o universo masculino é representado pela imagem do atleta e o feminino pelos decalques de flor. O resultado da composição parece supor que por intermédio da cor e fragilidade das flores os músculos são "amaciados".
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À queima-roupa (true romance) – nº 1
impressão fine art sobre papel de algodão
2012 |
40 x 55 cm |
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Em "À queima roupa", o recurso é o mesmo: as flores suavizando a imagem de violência. O revólver como uma indicação de força e violência. Ameaçador. Revólver, que alguns anos atrás, era utilizado como brinquedo para os meninos.
Os dois exemplos reforçam a afirmação de Sócrates Nolasco: "tanto um revólver quanto um grande bíceps podem ser grandes lápides .(...) Masculinidade e violência guardam entre si laços de estranheza e complementaridade."
Judith Butler, grande teórica dos estudos sobre gênero, nos explica que é importante a exibição e repetição de atitudes estereotipadas para garantir os distintivos de macho e fêmea. O que reforça, também, a questão de como o homem negro americano se integra na sociedade: pelo seu estigma. |