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O trabalho Eros & Psiquê é composto por um fuzil de brinquedo de plástico, dentro de uma vitrine de madeira escura, similar às vitrines onde se exibem armas de fogo reais em coleções, sendo que o fuzil está cercado de borboletas monarcas de plástico, como se estas usassem o fuzil como pouso e abrigo.
O trabalho faz referências às eternas dualidades amor e ódio, sexualidade e agressividade, vida e morte, que como disse Rodrigues1, são forças que habitam o ser humano e estão presentes no cotidiano, tanto nos conflitos mais banais quanto nos mais mórbidos ou sublimes da humanidade. Tais pares de opostos estão misturados, amalgamados em tudo que o ser humano faz, pensa e sente.
Essas polaridades são os cernes dos conflitos psíquicos. Em psicanálise, elas podem ser nomeadas pelos conceitos de pulsão de vida (Eros) e pulsão de morte (Tânatos). Já na mitologia grega, temos o mito de Eros (masculino) e Psiquê (feminino), que dá nome ao trabalho.
Eros & Psiquê é também uma crítica aos estereótipos de masculinidade tóxica hegemônica, uma vez que as armas de fogo são também uma forma de demonstração ostensiva da virilidade de um sujeito. Só que em Eros & Psiquê o fuzil está de certa forma emasculado pelas delicadas borboletas, que normalmente estão mais associadas ao feminino do que ao masculino.
1 RODRIGUES, Samara Megume. Eros e Tânatos: nossas porções de vida e morte. site Roda de psicanálise, novembro de 2013. http://www.rodadepsicanalise.com.br/2013/11/eros-e-tanatos-nossas-porcoes-de-vida-e.html |