O Invisível na Fotografia é
uma série de trabalhos realizada a partir de fotografias
de um mesmo local, batidas de um mesmo ponto de vista, em intervalos de
tempo variáveis (de alguns segundos até algumas horas).
Nas cenas fotografadas, havia sempre objetos em movimento (pessoas, carros,
barcos, etc.). Posteriormente, as fotos foram digitalizadas e superpostas.
Ao se realizar esta fusão, não se sabe mais qual objeto
em deslocamento pertence a qual dos instantes superpostos, criando-se
assim uma simultaneidade entre os dois tempos apresentados nas fotos.
Walter Benjamin comenta em "Pequena história da fotografia"
que no instantâneo fotográfico há "o lugar imperceptível
em que o futuro se aninha em minutos únicos, há muitos passados,
tão eloqüentes que podemos descobri-lo olhando para trás".
Neste trabalho, este "futuro" que poderia ser descoberto já
está lá, junto ao "passado".
Ao mesmo tempo, este "futuro" já é também
passado, e portanto, possibilidade de um outro "futuro". Mas
na verdade, nada disso pode ser discernido, pois não se sabe qual
"objeto" corresponde a qual "tempo". Temos na verdade
passado e futuro simultaneamente, num único instante novo, que
nunca aconteceu.
A foto, tida como um recorte instantâneo do real, não se
presta mais a este fim, não é mais um testemunho de um evento
singular num tempo único. Há uma dinâmica cinemática
nestas fotos, embora tudo continue fixo, preso à sua superfície.
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