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No próximo dia 3/08, 16h, quinta, abre no Centro Cultural Correios a exposição Fronteiras Abertas - três individuais simultâneas de Fábio Carvalho, Luiz Badia e Osvaldo Carvalho, com curadoria de Sonia Salcedo Del Castillo. (25/7/2023) |
Fronteiras Abertas reúne 3 artistas que têm uma grande conexão de estilo e linguagem entre seus trabalhos. O elo de ligação é uma obra figurativa baseada em elementos simbólicos envolvidos numa abstração lírica e estilizada. Uma corrente da arte contemporânea que assimila aspectos da Pop Art e do Surrealismo, ao mesmo tempo flertando com a Urban Art. São 3 artistas em 3 exposições simultâneas que literalmente abrem suas fronteiras numa simbiose que alarga sua conexão, criando assim um corpo só, falando de meio ambiente e brinquedos da infância, que promovem uma reflexão acerca da existência humana, a partir do confronto entre perene e efêmero. |
Albarrada - Fábio Carvalho - aquarela de tinta acrílica sobre cópia xerográfica em papel |
À maneira lúdica, tal abordagem – expandida em formas, palhetas, faturas, traços, suportes e meios diversos –, é carregada de valores simbólicos e alegóricos, através dos quais somos conduzidos a indagações em torno da urgência de clareza e equidade à melhoria da condição humana. |
Eros & Psiquê - Fábio Carvalho - fuzil de brinquedo, borboletas de plástico, vitrine de madeira e vidro |
Fábio Carvalho realiza em sua produção artística uma reflexão sobre os elementos que constituem as expectativas e as representações do universo masculino/feminino. Sua poética artística opera na superposição e no conflito entre signos aceitos por grande parte da sociedade de uma forma dicotômica: O masculino com brinquedos de aventura e guerra, mesclando ao feminino, delicado e sensível, em particular os padrões florais, as borboletas, a louça de porcelana, o bordado, as rendas, entre outras práticas normalmente consideradas femininas - masculino-viril versus feminino-fecundo. Belicismo e delicadeza são por ele permanentemente confrontados em suas obras.
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Aves raræ n° 2 - Elvira - Fábio Carvalho - bordado, lápis aquarela, esferográfica e hidrocor s/ tecido estampado |
A poética de Luiz Badia é tecida por camadas temporais. Valendo-se de elementos simbólicos e alegóricos realiza uma operação de antagonismos diversos, como o confronto entre figurativo e abstrato, envolvendo o espectador em uma atmosfera lúdica, atemporal, quase surreal. Suas paisagens são difusas, fugidias... construídas, feito invenção iluminista, e findam por reafirmar o sujeito como cultura frente a natureza. Sonia Salcedo Del Castillo |
Lepidoptera Bellicum - Fábio Carvalho - armas de brinquedo, borboletas de plástico, caixa entomológica |
SERVIÇO: |
Em 2019, durante uma residência artística num casarão cercado por um enorme jardim tropical luxuriante, realizei a obra Albarrada - azulejos de papel pintados à mão com desenhos de plantas tradicionais de jardins brasileiros, contrapostos a desenhos de figuras militares. A obra Albarrada foi responsável pela gênese de várias outras que acabei por reunir sob o super título geral Natureza Camuflada, que renova e amplia a minha discussão sobre estereótipos de gênero. Cultivar plantas ornamentais é uma das minhas grandes paixões desde criança, pela qual sempre paguei um preço, já que então, como ainda para muitos hoje, cultivar plantas não era/é visto como uma atividade masculina “padrão”, ou “ideal”. A maneira como meninos são criados, ainda em nossos dias, faz com que estes se sintam compelidos a esconder e suprimir todos os sentimentos de vulnerabilidade, empatia, fragilidade, medo e tristeza por trás de uma máscara de masculinidade normatizada. Nos trabalhos da grande série Natureza Camuflada tenho pensado, ainda, no lugar-comum de paisagem como algo ao ar livre, em grande escala - um grande horizonte, FORA de nós. A oposição entre natureza (do lado de fora) e cultura (do lado de dentro). Então, se a paisagem está sempre fora de nós, seremos artificiais? E quanto à ideia de "paisagem interna", emocional e íntima? Não posso deixar de mencionar por fim o conceito de paisagem social (como as pessoas se organizam numa área, agem em relação ao seu entorno e umas com as outras), que tem ganhado popularidade em sociologia e geografia. Natureza Camuflada fala sobre as obrigatoriedades de se esconder/disfarçar socialmente nossa mais verdadeira natureza, nossas true colors - camuflagem tem a ver com imitar as cores do ambiente, para se misturar e sumir. Temos constantemente que nos mascarar e camuflar, para ser “igual” e aceito, mudando de persona a cada ambiente. Na exposição Froteiras Abertas poderão ser visto também trabalhos anteriores a 2019, onde a presença dos elementos agora em maior evidência em Natureza Camuflada já apareciam - flores, borboletas, aves, etc. Fábio Carvalho |
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