|
Jornal do Commércio - Rio de Janeiro
Caderno ARTES - Página da CAZA
coluna
Longe de CAZA
28/04/2012
Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa, Portugal
Por Fábio Carvalho*
O Carpe Diem Arte e Pesquisa é um espaço dedicado à arte contemporânea, que promove residências artísticas seguidas de exposições site specific de artistas portugueses e estrangeiros, sendo que em todas as edições há a participação de ao menos um artista brasileiro. Além das residências e exposições, há uma série de atividades paralelas, como conferências, debates com os artistas, visitas guiadas, e a edição de múltiplos de artistas, que objetiva divulgar os artistas que já expuseram por lá, e ao mesmo tempo impulsionar a formação de novos colecionadores de arte contemporânea. Dentre os brasileiros que já passaram pelo Carpe Diem estão Albano Afonso, Flávio Cerqueira, Gabriela Machado, José Spaniol, José Bechara, Laura Vinci, Sandra Cinto, entre outros.
O Carpe Diem foi aberto em 2009 pelo curador de arte carioca Paulo Reis (falecido em 23/04/2011), e ocupa o antigo Palácio Pombal, local onde nasceu e viveu o Marquês de Pombal. O projeto é atualmente coordenado pelo curador português Lourenço Egreja e a artista brasileira Rachel Korman, parceiros de Paulo Reis desde os primeiros dias do projeto.
Por ser um projeto independente, com recursos financeiros reduzidos, o Carpe Diem, como definiu Paulo Reis em 2009, "sustenta-se na infinita generosidade dos artistas, que emprestam os seus nomes, os seus tempos, as suas ideias e a sua vontade de trabalhar, às vezes sem nenhuma condição favorável”.
O trabalho de curadoria do Carpe Diem, como me explicou Lourenço Egreja, não é de cima para baixo, pelo contrário, se ajusta à proposta do artista, ao financiamento disponível, e à adequação ao espaço. Lourenço afirmou ainda que o Palácio Pombal é o “curador sênior” do Carpe Diem, e os curadores e os artistas, seus assistentes, pois ali se trabalha numa construção histórica, na qual não se pode fazer qualquer intervenção que prejudique seu estado atual, estado este muito longe da assepsia do Cubo Branco.
O prédio, de um interior suntuoso e extravagante, já passou por inúmeras utilizações, bem como por um longo período de abandono e degradação, ao ponto de em muitos ambientes termos a impressão de se estar numa ruína. Tudo isso pode ser um grande problema, mas ao mesmo tempo é um desafio fascinante.
E das centenárias ruínas do Palácio Pombal, emergem agora novas poéticas, rumos e possibilidades de se (re)compreender, no século 21, o mundo e a vida. Talvez esta seja a mais rica ocupação que este velhoto palácio já recebeu!
*Artista plástico carioca em atividade desde 1994, com mais de 90 exposições no Brasil e exterior, com obras em diversas coleções públicas e privadas. |
|