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Na série "Dos que partem, aos que ficam" foram usadas fotos tiradas por soldados pouco antes destes partirem para o campo de batalha, muito provavelmente para serem deixadas com as famílias, como uma lembrança. Para muitas destas pessoas, esta foi a primeira e última foto que fizeram em todas as suas vidas, e são imagens carregadas de bravura, heroismo, altivez, e em algumas há também uma extrema ternura, ou talvez já uma nostalgia, por conta do futuro incerto não só para os que partem, mas também para os que ficam.
Este uso particular da fotografia, num tempo em que esta ainda era um objeto precioso, lembra o mito grego da origem da pintura, como narrado por Plínio, o velho. Pois afinal o que é uma fotografia a não ser um espectro de uma ausência, uma sombra, a materialização de um vazio?
A série Macho Toys surgiu a partir de uma reflexão sobre os elementos que constituem as expectativas sobre gênero, sexualidade, etc; como por exemplo os brinquedos que as pessoas dão aos seus filhos bonecas, jogos de chá e jantar de miniatura, e outras atividades domésticas ou delicadas para meninas; bolas, carros, armas, soldados e brincadeiras mais ativas e de força para meninos, que mesmo não intencionalmente são usados para direcionar e moldar a futura personalidade destas crianças.
A série “Macho Toys” opera justamente na superposição e no conflito entre os estereótipos de masculinidade, como o soldado, o executivo, o halterofilista, o cowboy, etc, com elementos tradicionais do universo feminino, em particular os padrões decorativos florais, e a louça de porcelana.
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